Lino Tejada Rodríguez, penúltimo efémero Governador Civil do Alacant republicano

Afirmavamos em abril -na primeira aproximaçom biográfica a Lino Tejada Rodríguez [Moinhos, 1901 – Jaén, 1940]-, http://memoriahistoricavaldolimia.terradixital.net/lino-tejada-rodriguez que de momento pouco mais sabiamos do seu compromisso com a causa da liberdade e a justiça social, além da sua coerente lealdade à II República espanhola como funcionário policial.

Relatavamos o seu relevante papel na tentativa de dobregar em agosto de 1936 o motim da guardia civil concentrada no santuário da Virgem da Cabeça, situado em Sierra Morena,  a 32 quilómetros de Andújar [Jaén]. Tarefa relatada no seu informe “Expediente instruído con motivo de la sublevación de los guardias y residentes en la Virgen de la Cabeza de Andújar“.

Também afirmávamos que ainda nom conseguiramos nengumha fotografia. Porém, nestes três meses temos avançado na reconstruçom da sua biografia, violentamente cerceada por um pelotom de fusilamento fascista no cemitério de Sam Eufrágio de Jaén, a 20 de setembro de 1940.

Embora a investigaçom segue ainda numha fase primária, logramos descubrir que nas últimas semanas prévias à vitória franquista atingiu altas responsabilidades no governo do doutor Juan Negrin.

Governador Civil de Alacant

Lino Tejada Rodríguez foi nomeado 27 de fevereiro de 1937 para ocupar a máxima responsabilidade política da província mediterránea de Alacant.

A petiçom do PCE tinha sido cessado o também galego Ricardo Melha Serrano [filho do anarquista viguês Ricardo Melha], como Governador Civil pola sua atitude “derrotista”, cargo que tinha ocupado desde maio de 1938.

Lino Tejada tam só ocupou durante menos de três semanas a responsabilidade como Governador Civil interino “sem nomeamento”, pois foi cessado 17 de março de 1939 polas autoridades do Conselho Nacional de Defesa [CND], que o substituem por Manuel Rodríguez Martínez.

Golpe do coronel Casado

A 5 de março de 1939 tem lugar em Madrid um golpe de estado contra o governo de Negrín, promovido polas fraçons de Prieto e Besteiro do PSOE, pola CNT, com apoio dos partidos republicanos liberais pequeno-burgueses [Izquierda Republicana e Uniom Republicana], e o “quintacolunismo” fascista. A conspiraçom encabeçada polo coronel Segismundo Casado pretendia assinar um acordo de rendiçom com o franquismo para “limitar as represálias e evitar alargar a guerra até o início da Segunda Guerra Mundial”.

O triunfo do golpe em Madrid, e a negativa de Franco a qualquer negociaçom, permite a entrega da cidade ao exército fascista, dinamita a estratégia de resistência, e acelera o derrumbamento do que restava do Estado republicano, impossibilitando assim a prevista evacuaçom ordenada e repregamento da denominada “zona centro” até os portos do Mediterráneo.

Incógnitas

Todo indica que a proximidade política, ou mesmo possível militância, de Lino Tejada Rodríguez no PCE, tinha sido determinante para ter sido nomeado Governador Civil de Alacant, e posteriormente para o seu fulminante cessamento polos casadistas.

Porém, todo som incógnitas e hipóteses para podermos reconstruir que acontece entre 17 de março [dia do seu cessamento como Governador] e 1 de abril, dia do triunfo do franquismo.

Porque 28 de março nom subiu com a sua família ao navio “Stanbrook”, um carvoeiro británico com capacidade para 24 tripulantes que logrou evacuar quatro dias antes do final da guerra 2.638 pessoas, entre os projetis do “Canárias” e as bombas da aviaçom nazi, até chegar ao porto argelino de Mazalquivir, próximo de Oram?

Porque Lino Tejada Rodríguez nesse mesma tarde de 28 de março de 1939, nom estava entre os 37 dirigentes e autoridades republicanas, vinculadas com o PSOE, que embarcárom no “Maritime”, o último navio que logra sair do porto de Alacant antes da ser tomado pola divisom italiana Littorio?

Porque nom se refúgia na “Posiçom Yuste”?, nome em chave da finca El Poblet, situada em Petrer, próxima ao aeródromo de El Fondó de Monóvar, sede da presidência do governo, onde estavam concentrados os máximos responsáveis políticos e militares do último governo legítimo do Estado republicano?

Porque nom se instala na “Posiçom Dakar”, nome em chave do enclave próximo a Elda, onde estava concentrada a direçom e aparelho político do PCE, entre eles Dolores Ibárruri, Henrique Líster e Rafael Alberti?

Lino Tejada foi capturado polas tropas da Divisom blindada Littorio comandada polo general Gastone Gambarra, após a tomada do porto de Alacant polas Corpo di Truppe Volontarie [CTV]?

Foi confinado no campo de concentraçom da Goteta, à beira da serra Grossa, a quem Max Aub chamou “campo dos Almendros”?

Ou foi encerrado na praça de touros de Alacant, na prisom, ou no castelo de Santa Bárbara, ou nalgum dos seus cinemas, quartéis ou no campo de concentraçom de Albatera?

Mais alá de conjeturas e especulaçons razoáveis, até o momento nom temos informaçom contrastada que nos permita responder com rigor a estas incógnitas.

Nom sabemos ainda como foi capturado, nem o tratamento que padeceu polos fascistas, a que tipo de torturas foi submetido, nem que lhe aconteceu até 20 de setembro de 1940 quando foi fusilado.

Sem lugar a dúvidas fôrom 15 meses de calvário polo único delito de ser coerente com a defesa dos interesses do povo trabalhador e empobrecido, e com as liberdades individuais e coletivas.

Agradecemos a importantíssima e valiosa colaboraçom do seu neto, Adolfo Tejada Vázquez, no acesso a informaçom de umha das figuras mais desconhecidas da comarca, e em facilitar-nos a fotografia inédita com a que ilustramos esta segunda entrega da biografia de um dos grandes do Val do Límia.

Este retrato de Lino Tejada, portando um acordeom, deve corresponder a 1935-1936. Está sentado num banco de pedra que ainda se conserva, à beira de umha espécie de peto de ánimas, no muro traseiro do antigo jardim da casa familiar dos Álvarez Pena em Mugueimes.

Honra e glória!

Xullo 7, 2018