Mugueimes: nomes de ruas republicanas, de ruas fascistas e de ruas postfranquistas

A sessom do Pleno municipal do Concelho de Moinhos de 13 de abril de 1936, acordou nomear três espaços públicos da aldeia de Mugueimes.

A corporaçom municipal presidida polo alcaide Demetrio Seoane -como homenagem ao quinto aniversário da proclamaçom da II República espanhola-, aprovou a seguinte resoluçom, tal como consta na ata:

“… se acordó como homenaje a ciudadanos ilustres dedicar la calle que empieza en el cruce de la carretera de los caminos vecinales del pueblo de Mugueimes a la que se le da el nombre de “Calle de Aida de la Fuente”; a la plaza sita en el barrio de los Bullos el nombre de “Plaza de Luis Sirval” y en el sitio denominado Campo de Mugueimes la de la “Plaza del 16 de Febrero”.

O escasso tempo transcorrido entre a decisom do governo municipal da Frente Popular, e o golpe fascista de 18 de julho de 1936, nom foi impedimento para efetivizar o acordo.

Assim, até nom há muitos anos, no único silhar encalado da fachada da casa familiar dos Álvarez Pena, ainda se podia comprovar como umhas letras pretas de molde resistiam a censura fascista e o nome da militante juvenil comunista asturiana morta na Revoluçom de outubro de 1934 teimava em desafiar o paso do tempo. Posteriormente foi chantada umha placa por cima com o nova designaçom: Rua Xaquin Lorenzo. O postfraquismo de fachada democrática perpetuava a lei do esquecimento.

Luis de Sirval era o pseudónimo empregue polo jornalista valenciano Luis Higón y Rosell, quem tinha sido executado 27 de outubro de 1934 em Oviedo por legionários, após ser sacado da cela onde estava detido como milhares de pessoas, a consequência da brutal repressom contra o povo trabalhador após a derrrota da revoluçom obreira asturiana.

A praça “16 de fevereiro” fai referência à histórica data do mês de 1936 quando ganha as eleiçons a Frente Popular.

FRANQUISMO EMENDA ACORDO DE ABRIL DE 1936

Um Pleno extarordinário do Concelho de Moinhos, celebrado dous de julho de 1960, decide que a Corporaçom Municipal ratifique o acordo do “Consejo Local” [de Falange] para designar com o nome “de algunas de nuestras figuras históricas insignes una calle o plaza de esta localidad, como también el nombre de algún caído en nuestra Gloriosa Guerra de Liberación, proponiendo para dichos nombramientos los personajes siguientes”: rua de acesso ao Concelho como Sam Rosendo por ser “una figura histórica excepcional nacida dentro de este término Municipal”.

E também o ilegítimo governo muncipal fascista, presidido por Clemente Pérez Gómez, acordou “que la plazuela existente en el barrio de “Os Bullos” lleve el nombre de Manuel González Alonso “Mareos” el cual falleció heroicamente el día once de julio de 1937 en la gran batalla de Brunete”.

Diversas testemunhas consultadas no mês de agosto deste ano afirmárom nom ter constância da existência de placas nestes dous espaços com essas duas designaçons, nem de que se empregassem estes nomes para referir-se a ambos lugares.

NOMES ATUAIS E NOMES NECESSÁRIOS

Atualmente a velha rua Aida de la Fuente chama-se Xaquin Lorenzo, e o espaço público frente ao novo edifício do Concelho de Moinhos é a praça Sam Rosendo.

Contariamente ao que afirma a ata do pleno de 1960 para justificar dar o nome do fundador e abade do Mosteiro de Sam Salvador de Cela Nova, sam Rosendo nom nasceu em Moinhos e sim em São Miguel do Couto, Santo Tirso [Portugal].

Numha sociedade avançada o laicismo deve ser um sinal de identidade democrático polo que devem ser evitados nomes de espaços públicos com conotaçons religiosas.

Moinhos tem umha dívida histórica com Benito Valencia Bouza, segundo tenente de alcaide do Concelho, executado polo terrorismo falangista 1 de agosto de 1936. A atual praça Sam Rosendo é o espaço mais ajeitado para honrá-lo e dignificá-lo.

Ao Demetrio Seoane González, alcaide de Moinhos entre fevereiro e julho de 1936, também há que homenageá-lo com o nome de um espaço ou instalaçom municipal como a atual Casa da Cultura.

Os outros 3 vizinhos de Moinhos executados polo fascismo dos que temos constância e confirmaçom: José Álvarez Fernández, Lisardo Rodríguez León e Lino Tejada Rodríguez também estám pendentes de ser dignificados e resgatados da lousa de amnésia imposta polo franquismo e o postfranquismo.

A rua do grande etnógrafo, antropólogo e historiador do Val do Límia deve recuperar o seu nome original, e a Xaquin Lourenço dar outra rua. Seguro que ao grande sábio “renacentista” de Facós nom lhe ia importar.

 

 

Val do Límia, 8 de setembro de 2018

Setembro 8, 2018