José Iglesias Paz

O fascismo logrou que umha pesada lousa de amnésia eliminasse da memória popular os melhores filhos e filhas do povo trabalhador.
No melhor dos casos, o rasto ficava restringido aos círculos familiares e amizades, que com o passo do tempo perdérom parcialmente noçom de quem fôrom e polo que luitárom.
Nesta ocasiom, como Comité pola Memória Histórica do Val do Límia, queremos honrar ao dirigente anarco-sindicalista José Iglesias Paz, vizinho de Puxedo, concelho de Lóvios, nascido 26 de agosto de 1916.
Como praticamente a totalidade da juventude da época era semianalfabeto, e compaginava as labores agrícolas, ajudando ao seu pai, que era xastre, na sua segunda atividade de carteiro.
Com 18 anos emigra para Catalunha para trabalhar nas minas de potassa de Sallent de Llobregat, onde já estava trabalhando o seu irmao Zacarias.
Embora quando chegou a Catalunha desconhecia o significado de “classes sociais”, “exploraçom capitalista”, “patronal”, “sindicatos”, “luita operária”, “direitos laborais” … apreendeu rapidamente. Em poucos meses, em 1935, já estava filiado à CNT e às Juventudes Libertárias, das que chega a ser o seu secretário geral em Sallent.
Promotor, tal como lhe manifestou a Celso Diaz [1], do desconhecido “Batalhom Galego Antifascista” que em julho de 1936, após ser derrotado pola classe operária catalana o golpe militar fascista, se integra na coluna anarco-sindicalista «Terra e Liberdade».
Após umhas semanas de instruçom militar em Barcelona, ​​é deslocado para os frentes da defesa de Madrid, participando em combate em Talavera de la Reina, Toledo, San Martín de Valdeiglesias, Ávila, etc.
A início de 1937, após a militarizaçom da coluna no II Batalhom da 153 Brigada Mista, luitou no frente de Aragom, participando na tomada de Belchite.
Em maio de 1937 liberta a golpe de pistola ao seu irmao Zacarias da detençom à que estava submetido, como consequência da guerra civil “interna” que tem lugar em Barcelona entre a CNT-FAI e o POUM contra o PSUC e ERC, pola hegemonia e o controlo político de Catalunha.
Em fevereiro de 1939, após a queda de Catalunha e a derrota da II República atravessa os Pirineus caminho do exílio, sendo internado no campo de concentraçom de Saint Cyprien, de onde logrou fugir 18 meses de “cautivério”.
Durante dous meses trabalhou numha mina de Lorda (Ocitánia), mas é ingressado dous meses no hospital por intoxicaçom mineira. Após a sua recuperaçom é internado no campo de concentraçom francês de Argelès, do que logra fugir em dous meses.
Em 1942 é detido en Perpinyà e enviado a Burdeos, sendo enquadrado no Serviço de Trabalho Obrigatório (STO). Em outubro de esse ano é enviado a Karlsruhe (Baden-Württemberg, Alemanha) para trabalhar como escravo numha fábrica de muniçons nazi. Após a vitória, logo de ser libertado, tivo que passar três meses hospitalizado para recuperar-se da desnutriçom.
Volta para a França, vivindo primeiro em Paris e posteriormente em Lyon, ativando a sua militáncia no movimento libertário, formando parte dos grupos de açom anarquistas que se internam no Estado espanhol para combater o franquismo.
Em julho de 1948, como delegado da Seçom Jurídica da CNT, entra clandestinamente por Roncesvalles, com a misom de assistir (procurar advogados, subornar juízes, etc.) aos militantes presos en Valencia, Barcelona, ​​Zaragoza e Madrid, estabelecendo-se em Terrassa (​​Catalunha).
3 de maio de 1950 é detido, sendo torturado durante 17 dias pola polícia na sinistra esquadra da Via Laietana de Barcelona. 6 de fevereiro de 1952 foi julgado en conselho de guerra com umha trintena de membros e colaboradores de grupos libertários, e condenado a morte, sendo posteriormente comutada a sentença por 30 anos de prisom.
En 1961, após estar na prisom Modelo de Barcelona onde exerce de bibliotecário, e no cárcere de El Dueso (Santoña), acolhe-se a umha amnistia, sendo posto en liberdade vigiada.
Volta para o Val do Límia, mas a pressom do posto da guarda civil de Lóvios onde tem que se apresentar semanalmente, força-o a marchar para a casa de umha irmá em Ponferrada.
Posteriormente trabalha em serviços municipais de diversas localidades da Galiza (Lugo, Vilalba, Vila Garcia, etc), mas sempre resulta despedido por mor das pressons policiais.
Em 1968 casa com Pilar Rodríguez, e perante a impossibilidade de encontrar trabalho estável, em 1972 vai para a Suiça, estabelecendo-se em Lugano, logrando em 1973 o estatus de asilado político.
Trabalha na construçom e de moço de armazém, militando no movimiento anarquista local.
A 30 de julho de 2003 regressa definitivamente para a Galiza, estabelecendo-se na rua do Lagar de Ourense. Retoma os contactos com a CNT galaica, participando em diversas jornadas públicas.
José Iglesias Paz faleceu 10 de junho de 2006 no hospital de Ourense, sendo enterrado no cemitério paroquial de Sam Paio de Araújo [Lóvios], no Val do Límia.
Deixou inéditas umhas notas autobiográficas parcialmente recolhidas na ediçom italiana do livro de Albert Minnig, Diario di un voluntario Svizzero nella guerra di Spagna, publicado em 1986.
Notas
Informaçom confecionada pola informaçom fornecida por Celso Diaz, Assim como polos trabalhos biográficos publicados em diversos meios libertários como a CNT.
[1] Vizinho de Puxedo emigrado na Catalunha que mantivo relaçom com José Iglesias Paz.
[2] A primeira fotografia está datada em 1954 na prisom de El Dueso. A segunda é dos últimos anos de vida, já de volta na Galiza.
Febreiro 2, 2021