Entrevista biográfica a Rosa Tejada Rodriguez

Reproduzimos um avanço da entrevista biográfica que Carlos Morais lhe realizou a sua avó materna em julho de 1991.

Rosa Tejada, e o seu marido Manuel Álvarez Pena, eram destacados ativistas da Frente Popular em 1936, militantes do PCE, com influência no processo de auto-organizaçom popular que se estava desenvolvendo no concelho de Moinhos e no conjunto do partido judicial de Bande.

Em breve a longa entrevista sairá publicada no primeiro caderno monográfico editado polo Comité pola Memória Histórica do Val do Límia.

 

“CM- E logo cando te meti-ches no partido comunista?

RT- Quando, Ouuu! Quando nom tinhamos nada!

CM- Em que ano foi, cando foi a República ou antes de que chegara a República?

RT- Antes da República.

CM- E como te meti-ches no partido comunista.

RT- Porque era o Manolo, e o Manolo era secretário. E nom podia figurar ali, nom podia estar inscrito porque tinha carreira e podiam-no descubrir e quedava sem nada, era o que tinha aquelo.

CM- Pero vamos a ver! E como se meteu o Manolo no partido comunista, por meio de alguém que conheciades?

RT- Por um de Alhariz!, que vinha moito eiqui à casa. Nom me acordo ahora. Morreu cando foi a guerra. Morreu cando estava num moinho, colheu umha pulmonia e umha cousa … saiu do moinho e veu-se cerca do átrio de Alhariz. Benigno!! Chamava-se Benigno.

CM- E tinhades reunions?

RT- Tinhamos ai na casa de riba.

CM- E quem se reunia?

RT- Os de Bargês, uns quantos!

CM- Cantos erades? Sobre quantos?

RT- Eramos pra ai, uns quinze ou dezaseis comunistas.

CM- E haveria um o responsável?

RT- O Manolo! O Manolo era o responsable. E fumos coa bandeira. Bordou a Olímpia umha bandeira, preciosa, despois pudriu cando foi a guerra, escondeu-nas. Porque levárom cousas, roubarom-nas de aqui, hasta nos matárom duas vacas, duas “almalhas”!  Levárom a escopeta do abuelo, as cousas do abuelo, hasta queriam levar o palco, porque estava em Portugal escapado.

Cando foi de Franco levarom-nos moitas cousas, cables para o quartelilho de Bande e cousas dessas. A gente escondeu-nas, a Maria da Delmira escondeu a máquina de coser entre a erva seca do palheiro. Do comércio levárom a ferreteria e o de valor levárom-no.

CM- E durante a guerra civil como foi? Ti como te enteira-ches que estalara a guerra civil?

RT- De que estallara? Home, os periódicos, eiqui houvo sempre a Región desde que naceu, nesta casa houvo sempre a Región. E vou-che decir como foi, eu tinha a Chicha em Vila Nova dos Infantes. Estava co Soto e com donha Sara Soto que som íntimos, mui amigos, que ahora comprou essa casa o Castro, o Castro de Madrid. Bueno … e fomos a um mitim comunista a Orense, o Manolo e eu.

CM- Ah!, vós vinhechedes o mitim e deixachedes a Chicha em ..

RT- Nom, a rapaça estava em Vila Nova dos Infantes, cos Sotos, que queriam moito à Chichita e ainda a querem ahora, e morreu donha Sara e morrérom todos, e fomos todos alá e todo aquelo. Queriam-na muito, queriam a Chichita alá as filhas da Sara, o Soto e a Marina, que é madrinha do Javier, e essas cousas todas. Despois casou cum de Cados.

Entom ao vir de volta em Vila Nova colhemos a nena. Cando vinhemos de volta que estavamos na reuniom, estalhou a guerra. A gentinha nom sabia onde se iba meter. Nós tinhamos que vir pra eiqui. E paravam os coches todos! Todos os coches que paravam que ibam pola carretera de noite. Alto! Pra ver quem eram e quem nom eram. Colhemos a rapaça e vinhemos. A nós ninguém nos dixo alto. Tamém eramos moi conocidos e os guardias que estavam co alto e aquelas cousas nos coches pola carretera de Orense pra eiqui, eram conocidos. Alto e assi que conociam o Manolo e deciam-lhe que seguisse. Era conocido, era eiqui Secretário, o pai tamém, estava em Bande. Vinhemos pa eiqui.

Pro outro dia já andavam por eiqui umha diles a berrar Arriba España!, Arriba España!, levanta Arriba España! Os farmaceúticos de Ginzo de Límia e por aí.”

Maio 24, 2018