Sindicato Campesino de Souto, Val do Límia
O ámbito de atuaçom eram as aldeias de Güimil, Soutelo, Farnadeiros, Souto e Vilar de Cas, na zona mais setentrional do concelho de Moinhos, já nos lindeiros com o vizinho concelho da Porqueira.
A área geográfica do Sindicato Campesino de Souto englobaria as paróquias de Santa Maria do Souto, à que pertencem as aldeias de Güimil e Vilar de Cas, a casa paroquial do Souto onde vivia o cura, familiares, criadas e sobrinhas, mais Farnadeiros, que aglutina Farnadeiros e Soutelo.
Güimil e Vilar de Cas som os dous núcleos populacionais mais afastados de Mugueimes, a capital do Concelho onde estavam concentrados os serviços administrativos [Concelho e Julgado de Paz], o médico, o veterinário e a atividade comercial.
A paróquia de Santa Maria do Souto tem 5.6 km² e Farnadeiros 3.1 km², representando 5.1% e 2.82% respeitivamente da superfície do conjunto do concelho.
Ambas paróquias, como o conjunto do concelho de Moinhos, eram eminentemente campesinhas. A prática totalidade da populaçom trabalhava no campo. Se a nível provincial era perto do 80% da populaçom a que conformava o setor primário, no caso que nos ocupa a percentagem seria ainda superior.
Embora o setor primário era hegemónico, nom podemos obviar que umha franja destes campesinhos, pequenos proprietários agrícolas, em determinados meses do ano trabalhavam nas obras públicas de construçom de estradas ou arranjos de caminhos, ou bem de jornaleiros na seitura dos cereais ou vendima em Castela, embora condicionados pola “Lei de Termos Municipais”* promulgada aos poucos dias da proclamaçom da II República espanhola .
Tampouco sabemos qual poderia ter sido o número de habitantes destas duas paróquias que trabalhariam de carrilanos nas obras do caminho de ferro entre Samora e Ourense, pola sua proximidade geográfica com alguns dos treitos em plena construçom naquela altura. Embora as condiçons de trabalho eram mui duras, a subsistência e pobreza que caraterizava a imensa maioria do campesinado galego todo ingresso extarordinário facilitava adquirir “bens e servizos que non estaban normalmente ao alcance do campesiñado ou pagar débedas” .
Eram exceçons aqueles que nom viviam da terra ou nom eram campesinhos simbióticos. O setor secundário era marginal. Carpinteiros, ferreiros, canteiros, xastres, taberneiros/comerciantes contavam-se com os dedos das maos. E o setor terciário estava concentrado em Mugueimes ou em determinados núcleos populacionais do Val do Límia como Porto Quintela ou Bande, que concentrava o comércio de ultramarinos, têxtil, ferragem, as principais atividades hosteleiras e o transporte público de tâxi.
O Sindicato Campesino de Souto foi formalmente fundado 12 de abril de 1936, e reconhecido pola Delegaçom Provincial de Trabalho em Ourense que procedeu a sua legalizaçom, tal como consta na ata de constituiçom da entidade assinada polo Presidente Constantino Fernández e o Secretario Benito Valencia. Oito pessoas configuram o Comité Diretivo escolhido 12 de abril de 1936.
Presidido por Constantino Fernández, agindo como vicepresidente Manuel Garcia.
Benito Valencia Bouza era o secretário. Antonio Calviño era o Contador Tesoureiro. Vogais Julio Vázquez e Raimundo Rodríguez, e “Revisadores de Cuentas” José Álvarez e Antonio González.
A casa de Benito Valencia Bouza, nº 13 de Güimil, era o domicílio do Sindicato, o espaço onde tinham lugar as reunions e onde se deveria guardar toda a documentaçom e materiais.
* Duas semanas após queda da monarquia bourbónica, o governo provisório promulga o Decreto de Termos Municipais, “para el remedio de la crisis de trabajo y ocupación de los obreros que se hallan en paro forzoso”. Segundo o artigo 1° “En todos los trabajos agrícolas, los patronos vendrán obligados a emplear referentemente a los braceros que sean vecinos del Municipio en que aquellos hayan de realizarse”.
Um dos objetivos deste Decreto era evitar “la introducción de esquiroles para romper las huelgas y mantener los salarios bajos. Fue la disposición más combatida por la derecha pues además arrebataba medios de presión política a los antiguos caciques”.
A importancia do filiaçom sindical e do carnet expedido polas organizaçons obreiras e campesinhas cobrou máxima relevância à hora de conseguir trabalho na etapa frentepopulista.
[Texto extraído do livro “Sindicato Campesino de Souto, Val do Límia”, da autoria de Carlos Morais, que editará o Comité pola Memória Histórica do Val do Límia, e sairá do prelo no mês de julho]