Confirmamos Santiago Álvarez Adán como vítima do fascismo em Lobeira

Até ontem pola tarde, domingo 9 de maio, nom logramos confirmar a hipótese que baralhavamos.
Santiago Álvarez Adán, vizinho de Tedós, concelheiro da Corporaçom Municipal de Lobeira em 1936, foi vítima direta da barbárie fascista.
Polo testemunho do seu neto Santiago Alonso Álvarez, recolhido em Ermilhe, sabemos que nom faleceu por causas naturais. Que como no caso de Nicanor Rodríguez Álvarez, Liborio Rodríguez Salgado e Gerarda Rodríguez Araújo, foi vítima das sequelas provocadas pola brutalidade a que foi submetido.
Santiago Álvarez Adán é qualificado numha ficha do Concelho de Lobeira, datada 15 de janeiro de 1941 e assinada polo alcaide Cándido López, como “significado elemento de izquierdas para las que trabajó por emio de propaganda verbal y de manera muy activa”.
Um documento da “Jefatura Local de FE y de Las JONS” de Lobeira, datado a 8 de abril de 1941, afirma que “es persona que ha observado una conducta moral y social un tanto dudosa, segun rumores”.
Desconhecemos a sua militáncia política no seio da Frente Popular. Polo expediente sabemos que outros encartados, Antonio Araújo García e Silverio Domínguez González, estám enquadrados por FE de las Jons como membros de “Izquierda Republicana”, o partido de Manuel Azaña.
SEGUNDA TENTATIVA DE DETENÇOM
Tal como se transmitiu na família, um “grupo de pessoas armadas” petárom na porta da casa de Tedós perguntando por ele. A sua mulher, Generosa González, manifestou que nom estava. Santiago Álvarez Adán aproveitou para saltar por umha janela, escapando para o caminho, dirigindo-se a umhas terras que daquelas tinha a família. Mas golpeou-se na queda. “No salto da ventana fijo-se dano por dentro”. Mas logrou refugiar-se em Vinhoá, umha terra plantada com centeio, onde “agora está a casa do Jenaro de Santa Cruz, situada entre a ponte e Santa Cruz”.
Doorido polo golpe produzido quando saltara da casa, “já nom poido mais e tirou-se num sulco”. Foi localizado por um falangista “que o viu ali tirado”. Mas como ambos tinham amizade, com a intençom de protegé-lo, realizou uns disparos de distraçom ao ar. “Vai alá arriba”, berrou, confundindo deliberadamente assim ao resto da quadrilha, entre os “que havia umha pessoa de Santa Cruz”, indicando que fugia cara o monte.
Santiago Álvarez Adán logrou chegar às proximidades do rio Límia, a um “lugar agora debaixo do embalse que lhe chamavam o ribeiro”, por baixo de Ermilhe, onde se agochou num cano de água que atravessava a antiga estrada N-540.
O filho maior varom logrou localizá-lo porque o cam da casa seguiu-lhe o rastro. Estivo duas noites “debaixo dessa ponte”, onde um irmao, “o tio Domingos”, lhe levou a comida nas duas seguintes noites, até que a família logrou localizar um “prático” que o conduziu e logrou passar pola noite a Portugal por Tourém.
“Nom sei o tempo que tardou”, mas faleceu posteriormente numha pensom, “a raíz de que rebentou por dentro no salto da ventana”, a consequência da queda quando fugiu de casa a causa da “perseguiçom dos nacionais”.
Por meio do cura, a família foi informada do seu falecimento. Após a morte de Franco os seus restos fôrom depositados no panteom familiar do cemitério de Santa Cruz de Grou, acompanhando assim a sua filha Pepa e a sua bisneta Eva.
A documentaçom do expediente constata que após ser detido nos primeiros dias do golpe militar, posteriormente “huyó en principios del Movimiento Nacional a Portugal, en donde segun rumores, falleció”. A sentença 595/941 afirma que “huyó a Portugal al ser puesto en libertad, pues fuera detenido en los primeros momentos de aquel Glorioso Movimiento”.
Todo parece indicar que Santiago Álvarez Adán optou por fugir na sua segunda tentativa de detençom, porque logo da primeira, era consciente que desta vez ia ser “passeado”.
FULMINANTE DESTITUIÇOM DO GOVERNO MUNICIPAL REPUBLICANO
Adolfo Pousa Martínez, tenente de carabineiros e “comandante da praza militar de Bande” cessa a corporaçom republicana manu militari” impondo um ilegítimo governo municipal. O dia 25 de Julho de 1936 som destituídos Baldomero Fernández, Nicanor Rodríguez, Antonio Araújo, Lisardo Adán, Santiago Álvarez Adán, José Martínez, Joaquín Alfonso, José Salgado Álvarez Domínguez e Manuel Amorín Fernández.
A partir deste momento inicia-se um processo repressivo contra a última gestora municipal republicana de Lobeira.
Federico Acosta Noriega, juíz instrutor, e Remigio Rodríguez Picos, secretário do ”Juzgado Instructor Provincial de Orense”, pertencente ao “Tribunal Regional de Responsabilidades Políticas de La Coruña”, presidido por Eduardo Martínez Nieto abre em março de 1941 um expediente de “responsabilidades políticas” contra Antonio Araújo García, vizinho das Quintas, Nicanor Rodríguez Álvarez, vizinho de Gaiás, Joaquín Alfonso Pérez, vizinho de Parada de Monte, Santiago Álvarez Adán, vizinho de Tedós, e Pio Silverio Domínguez González, vizinho de Vilarinho de Santa Cristina, “significándose todos por sus ideas izquierdistas, que fué lo que motivó el que fuesen designados gestores, sin estar debidamente acreditado el que fuesen afiliados a algun partido político, ni agrupación social”.
INCAUTAÇOM DO PATRIMÓNIO
O objetivo primordial do processo repressivo incoado polo Tribunal 1019, Julgado 62, é identificar o património de parte dos membros da corporaçom cessada, para a imposiçom de multas económicas.
No caso de Santiago Álvarez Adán estiman en treinta mil pesetas o valor dos seus bens, cinco mil mais do calculado polas autoridades municipais, e dez mil menos do estimado pola Guarda Civil e a “Jefatura Local de FE y de Las JONS” de Lobeira.
No informe dirigido ao “Tribunal Regional de Responsabilidades Políticas” da Corunha, Federico Acosta afirma que “No habiendose presentado por los presuntos herederos la relación jurada de bienes que les autoriza el artículo 50 oportunamente se dio cuenta de ello a ese Tribunal librandose los testimonios correspondientes.
Las autoridades en sus informes le atribuyen bienes cuyo valor oscila entre veinticinco y cuarenta mil pesetas, y manifiestan que no tiene hijos menores de edad, y que su esposa no gana suelado alguno”.
A sentença número 595/941, datada na Corunha a vinte e três de agosto de 1941, inabilita para desempenho de cargos públicos e pago de multas relativamente leves a cinco membros da legítima corporaçom municipal de julho de 1936.
“Fallamos que debemos declarar y declaramos incursos en responsabilidades política a los inculpados ANTONIO ARAUJO GARCIA, JOAQUIN ALFONSO PEREZ, y SILVERIO DOMINGUEZ GONZALEZ y a los también inculpados fallecidos NICANOR RODRIGUEZ ALVAREZ y SANTIAGO ALVAREZ ADAN, y les imponemos como sanciones a los tres primeros, cinco años de inhabilitación especial para el desempeño de cargos públicos de mando, confianza y directivos y el pago a JOAQUIN ALFONSO y SILVERIO DOMINGUEZ, de TRESCIENTAS PESETAS a cada uno de ellos, y a ANTONIO ARAUJO de DOSCIENTAS PESETAS, y a los fallecidos NICANOR RODRIGUEZ, el pago de CIEN PESETAS, y a SANTIAGO ALVAREZ el de TRESCIENTAS PESETAS, que habrán de hacerse efectivas con cargo a sua caudal hereditario”.
Em ambos casos as suas respetivas famílias – Segunda Álvarez Domínguez, viuva de Nicanor, e a família de Santiago Álvarez Adán,- padecérom um autêntico calvário por parte das autoridades franquistas que reclamavam umha relaçom jurada de bens, sendo convocadas em diversas ocasions a tal fim de praticar constantes diligências.
[FOTO] Santiago Álvarez Adán e Generosa Gonzalez, 1926.
Maio 14, 2021