Aproximaçom biográfica de Lino Tejada Rodríguez

Avançamos a introduçom do artigo de Carlos Morais, publicado no nº 14 da revista Lethes Cadernos culturais do Límia, que proximamente será apresentada publicamente.

De filho da nobreza fidalga do Val do Límia a Governador Civil do Alacant da resistência republicana
APROXIMAÇOM BIOGRÁFICA DE LINO TEJADA RODRÍGUEZ

Entre as lembranças gravadas a lume da minha infância em Mugueimes, recordo como a minha avó materna, Rosa Tejada, e as suas irmás Olímpia, Luz e Sara, nom tinham esquecido o seu irmao Lino. A morrinha fundia-se com um halo de mistério quando afirmavam que “tinha morrido na guerra”.

A memória do Lino seguia viva entre aquelas mulheres tam referenciais na minha vida. Às vezes suspiravam por saber onde, como e com quem podiam estar os seus restos, deslizando discretamente a aspiraçom de que algum dia voltassem a descansar na sua terra, no fermoso Val do Límia.

A investigaçom sobre a vida de Lino Tejada está numha fase inicial. Embora nos últimos meses tenhamos avançado nas pesquisas que nos permitem traçar a grandes rasgos o seu perfil, estamos mui afastados ainda de conhecer capítulos e episódios centrais da sua biografia. Imensas lacunas biográficas por falta de informaçom, impossibilitam reconstruir com maior detalhe o seu inocultável perfil político.

Desenterrar do esquecimento e da amnésia imposta quem foi Lino Tejada Rodríguez, é umha tarefa apaixonante, mas nom polos vínculos sanguíneos que me ligam à sua figura. Por indiscutíveis méritos próprios é um dos grandes do Val do Límia, um dos seus melhores e mais destacados filhos. Divulgar, mediante esta aproximaçom biográfica, quem foi, é necessidade ineludível para o reconhecimento popular e a posterior merecida homenagem.

Sabemos quem era, de onde procedia, e as causas da sua trágica morte a mais de 800 quilómetros da sua terra, diante de um pelotom de fusilamento fascista, no crepúsculo do verao de 1940.

Sabemos que durante a guerra de classes de 1936-39, como funcionário policial foi consecuente com o juramento de lealdade à República, mas também da sua coragem e firmeza ideológica assumindo duas importantes missons. Neutralizar no verao de 1936 o amotinamento da guarda civil concentrada no santuário da Nossa Senhora da Cabeça [Jaén], e já quando a guerra estava perdida, e muitos levavam semanas e meses preparando o exílio, e os traidores conspirando com o quintacolunismo a claudicaçom, dar a cara assumindo a máxima responsabilidade institucional como representante do governo legítimo do doutor Negrin no convulso Alacant de fevereiro de 1939.

À margem de outras consideraçons do ámbito estritamente subjetivo, Lino Tejada Rodríguez foi um homem comprometido com a tarefa histórica de construir um mundo novo, superador da barbárie capitalista, que renunciando ao confort das duas origens de classe, optou por estar e luitar polos de baixo, com os que levam séculos padecendo a dominaçom, opressom e exploraçom.

Desmontando erróneas percepçons
Mas contrariamente ao que sempre escuitei nas casas familiares, Lino nom morrreu na “guerra”, foi assassinado um ano e meio depois da vitória franquista de 1 de abril de 1939.

Setembro 23, 2019